Morada
O projeto de um novo Pestano
Trabalho de Pós-Graduação de duas alunas da UFPel visa à revitalização do loteamento
Saneamento básico, descarte correto do lixo, espaços de lazer e vias estruturalmente adequadas são elementos fundamentais para que os moradores de uma comunidade consigam viver bem. Contudo, a situação do loteamento Pestano não segue essas premissas. Em conversas junto aos moradores, um projeto da Nucleação de Pelotas da Residência Especialização em Assistência Técnica em Habitação e Direito à Cidade da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas, liderado por duas alunas, deseja proporcionar uma qualidade de vida maior aos moradores. Entre as projeções está a revitalização das avenidas Zeferino Costa e a Leopoldo Brod e a construção de um EcoPonto.
A frase “Eu amo o Pestano” tornou-se símbolo de representação da comunidade e aumento na autoestima dos moradores depois das oficinas voltadas à construção de uma identidade. O processo levou um ano de conversas entre as arquitetas Bruna Tavares, Luisa de Azevedo e a comunidade. Para os moradores, as ações foram muito importantes, já que às vezes sentem que ficam de fora das áreas reformadas e requalificadas pela prefeitura. “Ano passado era um ano político, então o pessoal achou que podia ser até relacionado a isso”, comentou Maria Almeida, moradora há 40 anos do loteamento. Outra moradora complementou lembrando que “quando elas chegaram o pessoal ficou meio receoso, a gente está acostumada a ouvir várias promessas que não são cumpridas”, comentou Hilda Soares.
Depois de ganharem a confiança dos moradores, as arquitetas se reuniam mensalmente com o grupo de cerca de 20 pessoas na sede da Comunidade Católica Cristo Salvador, na qual Hilda é uma das coordenadoras. A partir do diálogo que se estendeu, as principais demandas foram ouvidas e, posteriormente projetadas. O resultado final prevê a requalificação das avenidas, delineando ciclovias, faixas de pedestres elevadas, arborização e pavimentação da via secundária que fica em frente à Emef Francisco Caruccio. Quanto a isso, o secretário de Planejamento (Seplag), Roberto Ramalho, salientou que já existe um projeto municipal de implementar uma faixa exclusiva aos ciclistas na Leopoldo Brod, que ligará a ciclovia da avenida Fernando Osório. Sobre os demais pontos, a Seplag ainda precisará analisar as possibilidades.
Lixo, no lixo
Devido à falta de um EcoPonto próximo e os frequentes problemas de descarte irregular de lixo, sofás, podas de árvores e materiais de construção são frequentemente descartados em praças da localidade. O diretor de Praças e EcoPontos da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Ssui), Sérgio Bizarro, garantiu que o espaço voltado ao destino de resíduos será implementado ainda este ano. “Pra implementar, vamos ter que simplificar o projeto”, explica. Por conta da complexidade da proposta das estudantes, o EcoPonto será diferente do projeto. Contudo, ele garante: “com os recursos que já temos aqui conseguimos iniciar as obras”. No momento, outros dois EcoPontos estão sendo construídos na cidade, um no Porto e outro no Lindoia. Finalizadas as obras, será a vez do Pestano entrar nas reformas da pasta.
As ações também foram voltadas à estruturação de cartilhas informativas que serão distribuídas aos moradores. A expansão do bairro se deu pela ida de várias pessoas de diversas localidades, o que “demora a criar um sentimento de pertencimento”, lembra Luisa. A retomada da história do local e o reforço das características da comunidade foram feitos por oficinas e conversas em grupo, o que resultou na construção de uma logo de identificação visual baseada na demarcação dos limites do bairro dentro do município. Um grafite com o desenho agora estampa o muro da Emef Santa Irene.
Sem um EcoPonto próximo, a comunidade passa por problemas de descarte irregular de lixo. Durante o ano de atividades, esse problema foi tratado por meio de conversas voltadas à conscientização, adentrando também a falta de saneamento básico em algumas das ruas e os constantes alagamentos. Outro grupo foi formado para discutir entre os moradores os transtornos que as futuras obras acabam ocasionando no loteamento, bem como o envolvimento que os moradores precisam ter com o período pós-obra nas localidades.
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